Acaraú e
Icapuí têm praias em processo erosão mais acelerado do Estado. Solo mais baixo
que o resto da cidade favorece o avanço do mar
Praia de
Barrinha, em Icapuí, já sofre com o avanço do mar (IGOR DE MELO )
Nos
próximos 100 anos, é provável que os moradores de Acaraú e Icapuí, a 255 e 202
quilômetros de Fortaleza, respectivamente, vejam parte de suas praias
desaparecerem com o avanço do mar. As zonas litorâneas têm faixas de terra mais
baixas que o restante da cidade. Isso significa que têm áreas mais propensas à
erosão e ao avanço do mar. A explicação é do professor Luís Parente, geólogo e
diretor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do
Ceará.
Os
relatos estão especificados no Estudo Erosão e Progradação (recuo) do Litoral
Brasileiro,
realizada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). O Labomar participou da
coleta de dados da pesquisa no Ceará. A partir de informações colhidas pelos
estudiosos cearenses, os pesquisadores do MMA compararam dados mais recentes,
de 2008 a 2010, com dados das últimas duas décadas. O estudo foi realizado em
todo o litoral brasileiro para avaliar as consequências o avanço e recuo do
mar.
A
tendência da invasão do mar sobre as praias de Acaraú e Icapuí pode ser
amenizada. Um monitoramento das áreas que podem ser afetadas já deve ser
pensada pelo Estado, segundo Parente. O tipo de prevenção ainda precisa ser
estudado, mas o pesquisador do Labomar indica algumas possíveis soluções:
realizar uma contenção com rochas, à modelo da praia do Icaraí, ou remover a
população das áreas que seriam mais afetadas. “É preciso haver um programa
estadual para prever e mitigar as mudanças”
A partir
da pesquisa, apontada como “atlas do litoral”, será possível criar estratégias
para reduzir as consequências desastrosas do avanço do mar. “As praias de
Acaraú e Icapuí são, atualmente, as que mais sofrem processos de erosão”, conta
Parente. Nos últimos 100 anos, o litoral cearense perdeu 3,2 metros de praia.
O Norte e
Nordeste são as regiões brasileiras que mais devem sofrer com o aumento no
nível do mar. A analista ambiental do MMA, Márcia Oliveira, apontou que os
solos no litoral dessas áreas têm plataforma de baixa declividade, ou seja,
provocaria mais destruição. “É como se fosse um ‘prato raso’, enquanto no Sul e
Sudeste, um ‘prato fundo’”, compara Oliveira.
O aumento
do nível do mar e a erosão são processos naturais. A diferença, segundo a
analista ambiental, está na aceleração provocada pelas intervenções humanas.
“Cerca de 40% do litoral brasileiro passa por erosão ou progradação (recuo) do
mar”.
O avanço
do mar passa a ser problema a partir do momento em que o homem ocupa a zona
costeira. “Onde não exista construção na zona litorânea, nem é possível sentir
os impactos do avanço do mar. Onde existe intervenção, as consequências podem
ser desastrosas”, pontua Oliveira.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
O avanço do mar é um fenômeno registrado em 17 estados brasileiros. O Estudo Erosão e Progradação do Litoral Brasileiro indicou que, além de avançar numa velocidade acima do normal em algumas cidades, o mar também vem recuando em parte significativa do litoral.
SAIBA MAIS
Para evitar os desastres causados pelo avanço do mar, a analista ambiental Márcia Oliveira recomenda, entre outros, a criação de faixas de
não-edificação. Ou seja, uma área delimitada em que não fosse permitida a construção de prédios, casas, restaurantes, etc. Também é fundamental pensar em outras faixas que precisam de manutenção, segundo Márcia, como dunas, mangues, etc, porque elas ajudam a sustentar a faixa litorânea.
O Ceará possui 19 cidades que fazem fronteira com o mar.
As variações sazonais de direção do vento, ondas, a configuração de marés altas em swells (tipo de onda gigante), o barramento de corredores eólicos, e ocupação inadequada são as principais causas dos processos erosivos.
O clima constitui uma das mais importantes variáveis controladoras do processo costeiro.
Angélica
Feitosa
Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/fortaleza/2011/09/14/noticiafortalezajornal,2297896/praias-estao-ameacadas-de-sumir-em-dois-municipios.shtml
<acessado em 14/09/11 às 08:00>
Nenhum comentário:
Postar um comentário