sexta-feira, 9 de setembro de 2011

RIACHO PAJEÚ Recuperação: promessa antiga




O estado do riacho mais importante de Fortaleza é lamentável; a Secretaria do Centro afirmou que vai ampliar as intervenções, mas que, para isso, precisa de novas estratégias
FOTO: JOSÉ LEOMAR

Apesar de projetos, o riacho continua poluído; moradores "ajudam" a sujar, mas se queixam do mau cheiro

A promessa de despoluir o Riacho Pajeú é antiga. No entanto, nada foi realizado de mais efetivo até agora por parte do Poder Público. Enquanto isso, a degradação do manancial só piora. Se, de um lado, a população reclama, mesmo "ajudando" a sujar o recurso natural; do outro, a Prefeitura se defende, afirmando que um projeto, via Programa de Drenagem Urbana de Fortaleza (Drenurb), vai mudar situação atual.

Um dos moradores da Rua 25 de Março, por onde o riacho passa, Fernando José Juciê, entende que falta amor pelo riacho mais importante da cidade. "Se todo mundo tivesse a consciência de que é preciso respeitar o meio ambiente, a condição do Pajeú, assim como de outros, seria bem diferente", opina.

Para o professor e ambientalista Pedro Augusto de Souza, a intensa urbanização de Fortaleza e ocupação que começou desde de seu nascimento justamente pelas margens do Riacho Pajeú trouxeram danos graves ao corpo hídrico.

Os principais impactos acarretados, aponta Souza, estão relacionados ao revestimento artificial da foz; ao lançamento de esgotos no curso d´água; a remoção da vegetação natural; a canalização subterrânea e aberta; ao desvio do curso d´água e ocupações comerciais e moradia nas margens e próximas ao riacho. "Todos percebem que a poluição modifica as características naturais do riacho que virou um fiapinho", afirma.

Lixo e mosquitos

É verdade que, em alguns trechos, o Pajeú é bem poluído e, em outros, melhor cuidado, como no Bosque do Paço Municipal. De acordo a microempresária Cláudia Magalhães, que nasceu e mora na Rua Baturité, bem próximo às margens do manancial, a espera por uma intervenção mais abrangente é longa. O mau cheiro exalado pelo riacho é horrível. "Isso sem falar nos mosquitos", reclama.

A Confraria do Pajeú, composta por médicos, advogados, promotores, procuradores e jornalistas que defendem o recurso natural, lamenta o péssimo estado do riacho, que faz parte da história da cidade. "O poder público municipal deveria fazer uma assepsia, porque o local está cheio de lixo. O riacho se encontra bastante comprometido por canalização, soterramento, contribuições ilegais de esgotos sanitários e desvio de seu curso original", frisa o grupo.

Novas estratégias

A titular da Secretaria do Centro, Luíza Perdigão, reafirmou que já existem recursos para a drenagem ao longo dos cinco quilômetros do Pajeú - desde a Rua Silva Paulet, na nascente, até o desembocar entre o Marina Park Hotel e a Indústria Naval Cearense. Como a ideia é ampliar as intervenções, inclusive com desapropriações de imóveis, será preciso outras estratégias. "Entre elas, a de aprovar um instrumento jurídico, chamado Operação Urbana Consorciada, para conseguirmos outros recursos para efetuar essas desapropriações", explica.

Fique por dentro
Origem

O Forte Schoonenborch, construção de holandeses durante a ocupação do Ceará, foi erguido na margem direita do riacho que deu origem à cidade de Fortaleza. O Pajeú nasce próximo à Rua Silva Paulet e percorre quase 5 mil metros até chegar ao mar. Sua foz fica no "Poço da Draga" onde existe o estaleiro Inace. Há algumas áreas abertas, mas a maior parte está canalizada em galerias subterrâneas. Ele está exposto em áreas urbanizadas atrás do Mercado Central, no bosque da Prefeitura e no Parque Pajeú.

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1038832 <acessado em 09/09/11 às 07:30>

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