sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Lixão dá lugar a jardins em bairros do Crato




Com o empenho de todos os moradores, ruas do Bairro São Miguel tornam-se mais coloridas e urbanizadas, em áreas que antes serviam para acúmulo de entulhos
ANTÔNIO VICELMO

Moradores se unem e financiam o cultivo de jardins em áreas antes ocupadas por rampas de lixo na região do Cariri

Crato. Moradores deste Município estão transformando terrenos baldios em jardins floridos. O que antes era um depósito de lixo, foi ocupado por canteiros de flores como as flores amélia, veludo e cravo. No Bairro São Miguel, há vários jardins, alguns deles ao lado de esgotos ao céu aberto. Num pequeno terreno no cruzamento das ruas Dom Melo com Ministro João Gonçalves, atrás da Secretaria de Saúde, o bodegueiro Antônio Wellington Gomes da Silva construiu um jardim com flores variadas e coloridas.

A ideia recebeu o apoio da comunidade, que se cotizou para comprar as mudas de plantas. "Todos cuidam do jardim que, na verdade, pertence a tonos da rua", diz a dona de casa Marinete Soares, conhecida por Neta, destacando que o canteiro de plantas ornamentais, além de acabar com o depósito de lixo, embelezou a rua. No muro foi colocada a advertência: "É proibido jogar lixo e entulho".

O comerciante Josué Lima, filho do ex-vereador Duca, foi mais criativo. Além de plantar flores num terreno baldio em frente à sua mercearia, incluiu ervas medicinais como cidreira e malva do reino que são utilizadas pela comunidade como medicamentos caseiros. "A farmácia viva não tem dono. Aqui é o Sistema Único de Saúde (SUS) do pobre", diz o comerciante.

Na localidade denominada Gesso, ao lado da via férrea por onde passa o Metrô, a comunidade ocupou um terreno baldio com um plantio de flores. Uma das defensoras do jardim é a dona de casa Francisca Bezerra Firmino, que todos os dias irriga as plantas com uma mangueira. "Isso aqui era um lixão, onde jogavam até animais mortos, lembra Francisca. Os moradores reclamam de um esgoto a céu aberto que desce de rua abaixo, passando ao lado do canteiro em direção a um campo de futebol, que é utilizado pelas crianças do bairro. Eles pedem que a Prefeitura cumpra a sua parte. "O povo já está fazendo o dever de casa", diz a dona de casa, destacando o empenho da comunidade na conservação dos canteiros.

Com estas iniciativas, os moradores tomaram consciência dos danos causados pelo lixo, que agora é colocado em depósitos nas calçadas a espera do carro da limpeza pública.

Contaminação

O secretário do Meio Ambiente do Crato, Nivaldo Soares, adverte que o lixo, quando não descartado de forma correta, provoca ambiente de proliferação de transmissores de doenças, além de a sua decomposição liberar metano, gás altamente inflamável, péssimo odor e principal agente do efeito estufa. Nivaldo esclarece que outro problema é a contaminação do solo pelo chorume (líquido escuro do lixo), ele pode atingir lençóis freáticos, rios e córregos, levando à contaminação para os recursos hídricos.

As Prefeituras têm um prazo de três anos para instalação de aterros sanitários. A advertência é do Conselho de Polícias e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), esclarecendo que antes disso, em 2012, o Plano Municipal de Resíduos Sólidos precisa ser aprovado.

No Cariri, os prefeitos de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Missão Velha, Caririaçu, Jardim, Farias Brito, Santana do Cariri, Nova Olinda e Altaneira, o que corresponde a uma população de 560.325 moradores, ainda não chegaram a um acordo sobre a localização do aterro sanitário consorciado

O aterro será construído pelo Governo do Estado, no valor de R$ 14 milhões, financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria do Meio Ambiente do Crato, Centro
Administrativo, Bairro São Miguel
Telefone: (88) 3521.9400


Antônio Vicelmo
Repórter

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1035581 <acessado em 02/09/11 às 07:00>

Nenhum comentário:

Postar um comentário